quinta-feira, 21 de abril de 2011

16. O Síndico e o Mordomo

É engraçado como muitas pessoas, não conseguindo administrar seus problemas, tentam jogar a culpa em alguém. No caso do condomínio, o culpado, invariavelmente, é o síndico, assim como na literatura de suspense, o culpado é o mordomo!

Certa vez uma condômina veio muito brava reclamar comigo sobre o aumento do IPTU da sua casa. Na hora tive vontade de rir, mas a sua raiva era tão autêntica que fiquei com pena, e com toda a paciência do mundo tentei explicar que o síndico não é responsável pela emissão do IPTU. Foi difícil fazê-la entender, ela achava que eu estava tentando enganá-la !!!

De outra feita, uma moradora chegou em casa mais cedo do que de costume e encontrou a empregada no apartamento com o namorado. Adivinhem de quem foi a culpa? Do síndico, claro, já que a empregada era de confiança, trabalhava com ela há muitos anos, blá, blá, blá... A empregada continua trabalhando na casa, e provavelmente se dando bem com a patroa, que, com raiva, não fala mais com o síndico.

Outro caso singular é o daquela senhora que reclamava de tudo. Ela nunca participava das assembléias ("não tinha tempo"), mas sempre tinha uma "crítica construtiva" a fazer. Um belo dia o pneu do seu carro novinho, recém-comprado, furou. Ela pediu ajuda ao síndico (sempre ele) para trocar o pneu. Foi quando ele descobriu que entregaram o carro à senhora sem os instrumentos necessários para a troca de pneu (macaco, chave, etc.). Moral da história: esta senhora, sempre tão crítica em relação ao trabalho do síndico, não foi crítica o suficiente para conferir o seu próprio bem. Desde este dia as críticas cessaram.

"Pimenta nos olhos dos outros é refresco." (Ditado popular)

domingo, 10 de abril de 2011

15. Sobre Convivência

Numa semana em que ficamos todos chocados com a brutalidade dos assassinatos ocorridos numa escola em Realengo, subúrbio do Rio; e analisando com atenção o perfil do assassino, delineado pela mídia, há que refletir sobre o tema Comportamento Humano. Como, no blog, abordo temas relacionados a condomínio, a ideia é refletir sobre este aspecto.

Ainda hoje me impressiono com a belicosidade das pessoas em um condomínio. Se é para resolver um problema, o primeiro pensamento é, em geral, agressivo: - "Tem que multar! Tem que fazer isto ou aquilo". Pensamento este que, não raro, leva a situações de agressão física e até a mortes. Dificilmente alguém pensa, primeiramente, no caminho do diálogo e da informação. Muitas vezes um condômino infringe uma regra por puro desconhecimento da mesma. E só!

Definição de Condomínio: "É forma de parcelamento da propriedade, onde coexistem compartimentos autônomos, de propriedade exclusiva, com compartimentos destinados ao uso comum de quantos sejam os proprietários daqueles". (Pazutti Mezzari)

O termo Condomínio possui origem no latim: “cum” significa conjuntamente e “dominum”, significa domínio, propriedade. Portanto condomínio é propriedade conjunta - que pertence a mais de um.

Todas estas definições nos remetem à noção de Conjunto, Parceria, Relacionamento Estreito.

A meu ver, as pessoas deveriam tentar se relacionar de forma mais humana e mais amigável com seus vizinhos. Podemos, sim, ter vizinhos tão próximos que poderiam se considerados "da família". Podemos, sim, ter um ambiente tão bom no condomínio, que nos leve a ter prazer na convivência com vizinhos. O condomínio pode, sim, ser uma extensão da nossa casa. É só querermos, e trabalharmos sinceramente para isto. Ninguém pode ser feliz sozinho.

"O encanto da vida depende unicamente das boas amizades que cultivamos." (Malba Taham)

14. Boas (????) desculpas para não pagar o condomínio

Nota: Espero, sinceramente, não estar ‘iluminando’ a mente alheia com esta história.

Certos moradores surpreendem pela criatividade e pela cara de pau, ao tentarem justificar o atraso no pagamento do condomínio. As desculpas são inúmeras e sempre muito criativas. Da minha experiência e de histórias alheias, selecionei algumas, que considero ‘top’:

a. Não recebi o boleto (Clássica!);

b. Minha empregada não me entregou o boleto (Clássica 2! A coitada leva a culpa);

c. Não paguei porque recebo dia 10 e o condomínio vence dia 5 (Sugiro mudar de emprego ou de prédio);

d. O quêêêê??? Tem multa??? (Tem sim. Aliás, tem vencimento também, e foi ontem!!!);

e. Se não estou morando no prédio, preciso pagar o condomínio? (Não, ele sobrevive de brisa!);

f. Eu votei contra essa cota na reunião, então não vou pagar. (Eu votei contra você ter nascido, então não preciso te aturar);

g. Não pago o condomínio porque o síndico é ladrão! (E você é caloteiro!)

Ainda tem aqueles que, devendo fortunas, querem fazer acordo. Como síndica, aceitei acordo uma única vez, e o resultado foi um belo calote. E o cara de pau ainda veio tentar renegociar o acordo! Pode? Depois disto, acordo nunca mais. Gata escaldada!

O que mais me incomoda é que, na maioria das vezes, o caloteiro exibe carrões novos e caríssimos, vive viajando e faz questão de ostentar riqueza. Sempre tive dúvidas se ele deve a meio-mundo (assim como deve ao condomínio), ou se simplesmente pagar a manutenção do local onde ele vive com a família não é prioridade de vida.

"O nosso próximo não é o nosso vizinho, mas o vizinho deste - assim pensam todos os povos." (Friedrich Nietzsche)

domingo, 3 de abril de 2011

13. Assembléias de Condomínio

Nas primeiras Assembléías de um condomínio não tem cadeira para tanta gente. Com o passar do tempo, falta gente para tanta cadeira.

"É nas Assembléias condominiais que os condôminos deliberam suas sugestões e criticas, sem descuidar-se do tema em pauta, assemelhando-se a uma Ouvidoria" (Bueno & Constanze Advogados). Diante de tal importância, porque a maioria dos condôminos não vai às Assembléias? Muitas pessoas as consideram maçantes e preferem deixar para os outros as decisões sobre o local onde vivem. Mas quando as decisões contrariam seus interesses... Ah, ah! Estas pessoas logo se manifestam - dias depois da Assembléia, claro!

O meu 'recorde' de intervalo de tempo entre Assembléia e reclamação ocorreu num condomínio praiano. Diversos moradores diziam que não iam às Assembléias porque preferiam ir à praia. Ok, exerciam seu direito de escolha. Num belo sábado de sol, uma de nossas Assembléias terminou perto de duas da tarde. Lá pelas dezoito horas, um morador apareceu lá em casa cheio de sugestões para questões que haviam sido discutidas pela manhã. Gentilmente respondi que não iria ouvi-lo porque enquanto ele aproveitava a praia, um grupo de moradores (inclusive eu) abria mão do lazer para discutir os assuntos do condomínio. Acreditam que ele não gostou da resposta?

A pessoa que for a uma Assembléia de condomínio com o botão de "espírito crítico" ligado vai se divertir um bocado, porque algumas situações assemelham-se às discussões colegiais. Certa vez convidei um grupo de adolescentes que andava aprontando no condomínio para comparecer a uma Assembléia. Eles ficaram tão chocados com o comportamento de certos adultos que, dali para frente, nunca mais incomodaram.

"Quando você precisa tomar uma decisão e não toma, está tomando a decisão de não fazer nada." (William James)

12. O(a) Sabe-Tudo

Todo condomínio tem pelo menos um morador que pode ser enquadrado na categoria do(a) Sabe-Tudo. O(a) vizinho(a) Sabe-Tudo é o terror de qualquer síndico; é aquela pessoa que entende de prego a construção, de Direito a Engenharia, e está sempre pronto(a) a ajudar ou questionar, não importa qual seja o assunto.

Resolvi transcrever aqui uma historinha infantil que, para mim, resume tudo o que se poderia falar sobre o assunto. Divirtam-se... E, principalmente, reflitam!


"Sabe-tudo era o apelido pelo qual todos os habitantes do bosque conheciam a tartaruga. Quem tivesse algum problema a resolver ou dúvida para esclarecer era só ir à casinha da Sabe-tudo, para ver seu caso resolvido. Para dizer a verdade, a tartaruga passava as suas horas livres consultando livros e enciclopédias. Interessava-se por todos os temas existentes e por existir. Que curiosidade insaciável tinha ela!

- Desculpe-me, tartaruga, mas eu estava interessada em conhecer a ilha de Ceilão e... Diz timidamente a raposa.

- ... E não consegue encontrar a resposta, não é verdade? Bem, não se preocupe que já lhe explico, querida amiga, responde a tartaruga, com sua tradicional amabilidade. Vejamos. A ilha de Ceilão está situada no Oceano Índico, ao sul da Península Indostânica ou da atual Índia. Esclarecida a dúvida?

- Oh, obrigada, obrigada, Sabe... Quer dizer, amiga tartaruga! Responde embaraçada a raposa.

A Sabe-tudo sorri compreensiva. É claro que conhece a alcunha que os seus vizinhos lhe puseram. Isso não a incomoda, pois adivinha o sentimento de admiração que se esconde por trás dela.

Os anos passam e os conhecimentos da tartaruga tornam-se imensos, a tal ponto que ela começa a tornar-se exigente e crítica com os seus vizinhos. Com mania de perfeição, torna insuportável a vida dos outros. De uma amiga brilhante e admirada por todos converte-se em uma criatura amarga e insatisfeita que, além disso, recebe a hostilidade de quem a rodeia."

Moral da história: A modéstia é uma virtude muito necessária, sobretudo para aqueles superdotados, que se destacam pelo seu próprio brilho. Sem a modéstia, qualquer conhecimento é inútil, pois não será repartido com os que o têm em menor quantidade.

Fonte:http://www.metaforas.com.br/infantis/sabetudo.htm