O salto alto confere elegância à mulher e, quando usado sem cautela, irritação ao vizinho de baixo. O 'toc-toc' diário, dependendo da hora, acaba com os nervos de qualquer pessoa, por mais calma que seja. Aliás, assim que nosso condomínio foi instalado, esta foi uma das primeiras reclamações recebidas.
Morei num prédio onde, por algum tempo, o apartamento de cima ficou vazio. Quando ele, enfim, foi ocupado, passei a conviver diariamente com o salto alto da vizinha. Seria até suportável se ela não saísse muito cedo para trabalhar, inclusive aos sábados. O 'toc-toc' era meu despertador (bastante eficiente, por sinal).
Mas duro mesmo era sábado. Às cinco da manhã já começava o barulho, e como ela se movimentava bastante antes de sair, perdurava por pelo menos uma hora. Para segurar a irritação, passei a controlar sua vida através do barulho. Ah! Agora está na cozinha; deve ter ido tomar café. Voltou para o quarto, para terminar de se arrumar. Oba, foi para a sala, já vai sair. Nãããão! Esqueceu alguma coisa e voltou correndo. Santa criatura, que nunca ouviu falar em havaianas ou pantufas!!!
Querendo evitar desgastes, pedi ao porteiro que falasse com a minha adorável vizinha de cima. A conversa amigável não surtiu efeito. Ela simplesmente não achava que incomodava. Até que resolvi apelar para uma solução caseira, mas que se mostrou extremamente eficiente - a vassoura. A cada manhã, assim que começava o 'toc-toc', eu batia com o cabo da vassoura no teto, em igual sintonia. O barulho acabou rapidinho...
"A arte de viver é simplesmente a arte de conviver ... simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!" (Mário Quintana)
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